sexta-feira, 25 de março de 2011

Deus para os íntimos




Nessa semana, revi um querido amigo que fora morar na Europa há mais ou menos trinta anos. Marquei com ele numa sorveteria, pois sempre amamos tomar ice cream e filosofar juntos. Passamos horas a fio, matando a saudade e, como sempre, vieram à baila nossos assuntos preferidos: crenças, comportamentos, opiniões, a eterna impermanência da vida e outras loucuras. Perguntei a ele:
- Como está sua relação com Deus?
Detalhe: ele era um ateu convicto na aurora de nossas vidas e depois de um surto místico, já homem feito, alumbrou-se.
- Amiga, mudou tudo – respondeu-me. – Hoje o meu conceito de Deus é o seguinte: Ele é o Criador do mundo, está sempre perto de mim, me ajuda e quando minha esposa precisa, também a atende.
- Quando você evoca Deus, pensa que ele está onde? – Indaguei curiosa.
- Em TUDO. – Disse-me.
- Que tudo?
- O mar, o vento, fogo, tudo... Tudo.
- Sim, mas se Deus está no mar, ele também é o tsunami; se está no vento, é o furacão e se está no fogo, também é o incêndio.
- Pare, viu, Cisete! – Explodiu - Lá vem você com suas sandices. Para mim ele é tudo de bom. Essas desarmonias fazem parte do lado capeta da vida.
- Tudo bem. Posso lhe dizer sobre como hoje eu entendo e sinto Deus?
- Claro. Adoro te ouvir.
- Eu vejo e sinto uma força que está em tudo, uma energia que tudo permeia. A minha alma vibrou de alegria quando estudando Einstein, li o conceito dele sobre Deus: “O átomo é o trono do amor, é o trono que Deus escolheu para se fazer presente dentro e fora de nós”. Meu amigo, a energia criadora é que faz TUDO existir. Sem o átomo TUDO é NADA. Se dentro e fora de nós tem átomo, escolher o que chamamos de Bem ou de Mal é uma opção do Deus que você é e da Deusa que eu sou. Para mim, Deus é o mar tranquilo, mas é também o tsunami.
- Você está querendo me dizer que Deus quis causar o tsunami no Japão? Isso é um absurdo!
Como eu estava com “A Grande Síntese”, obra do pensador Pietro Ubaldi, na bolsa, e havia estudado um dia antes algo que poderia ampliar a ideia de Deus do meu amigo, peguei o livro e perguntei-lhe se poderia ler um trecho. Ele permitiu:
- “O grande hálito que move e vivifica a matéria cósmica é a alma, espírito, paixão, turbilhão. Não é apenas acrescentada a ela, mas funde-se com ela. Deus não é a potência exterior, mas reside no íntimo das coisas, na profundidade de cada ser e no íntimo, opera na essência”.
Ao erguer meus olhos, vi lágrimas rolando nas faces daquele homem terno e vulcânico. Sorri e o contemplei:
- Amiga – disse-me – o meu choro é de comoção pelo muito que você cresceu, porém é mais ainda por medo de não recuperar o tempo que perdi, vendo um Deus fora, personificado, limitado...
- Ei, pare com isso! Somos eternos e sempre é tempo de ter tempo.
Foi aí que ele se lembrou que havia um copinho com sorvete de nozes à sua frente e fez menção de tomar um bocado, mas teve uma engraçada surpresa:
- Ó paí Ó! Meu sorvete derreteu...

terça-feira, 15 de março de 2011

Humanos = Terra




Terremoto, Tsunami – essas palavras levantam em cada ser humano neste momento, no planeta Terra, os mesmos sentimentos que o bicho-papão provoca nas crianças: MEDO, PÂNICO, PAVOR. É bem assim quando somos imaturos – tememos o desconhecido.
Quase sempre temos a ilusão de que crescemos e já somos maduros, sabemos TUDO. Mas eis que os elementos da natureza nos pregam peças e chegam com toda sua força, dizendo-nos: “Viram que vocês não cresceram? Que tremem diante de nós?
Que tal começarmos a ficar adultos e percebermos que o planeta e nós somos iguais?
O homem nasce , cresce, envelhece, morre e renasce. Assim é com tudo e todos que habitam este querido planeta: animais, plantas, pedras, etc. A Terra é também uma individualidade e tem livre arbítrio. Ela, ciente da própria idade, pois há eons nos vem carregando, quer a morte de tudo o que está carcomido. O orbe azul quer FLORESCER, RENASCER, VIVER, quer tudo NOVO.
Os humanos usam várias formas para se deixar morrer, no corpo e no espírito: produzem energias densas com pensamentos e desejos extremos de ganância e vingança, a fim de que fracos usem o lado sombrio da força e derrubem Torres Gêmeas, fazem guerras, fumam, se drogam, assassinam, roubam, mentem, manipulam, se estressam – melhor parar por aqui, senão passarei todo o texto enumerando meios homicidas e suicidas.
O planeta surta e põe placas tectônicas em movimento para produzir terremotos e tsunamis; devido ao desmatamento e à falta de oxigênio, descompensa-se e gera chuvas que provocam inundações; sufoca e desabafa com furacões e tornados; estressa-se e explode em forma de vulcões...
Somos tão parecidos. Somos, na verdade, tão iguais...
Vendo por esse ângulo, podemos pensar: Será que ainda nos resta algo a fazer? Será que o planeta ainda precisa de mim? Será que eu ainda preciso do planeta?
Se tiver a resposta, por favor,me diga.